sexta-feira, 10 de junho de 2011

Funai em Juína aguarda representantes da Energética Águas da Pedra para resolver impasse criado com invasão indígena

Disponível em:http://www.diariodecuiaba.com.br/detalhe.php?cod=394066 
Fonte: Diário de Cuiabá


Governo de MT também interveio e assinou termo de cooperação com empresa para atender etnias
JOANICE DE DEUS
Da Reportagem



A administração regional da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Juína aguardava para ontem a chegada de representantes da empresa Energética Águas da Pedra, responsável pela construção da usina hidrelétrica de Dardanelos, em Aripuanã (1.002 quilômetros de Cuiabá), que desde a última quarta-feira teve o canteiro de obras ocupado por cerca de 80 índios das etnias arara e cinta-larga. Os índios cobram o cumprimento de reivindicações feitas há um ano e, até o momento, não atendidas.

 De acordo com o chefe da Regional da Funai, Antônio Carlos Ferreira de Aquino, ainda anteontem a diretoria da Energética havia encaminhado ao órgão federal um ofício dando garantias de que o acordo seria cumprindo. “Eles cobram a entrega das sedes das associações Cinta-Larga e Arara e a entrega de dois veículos de transporte coletivo para cada etnia”, informou. Antônio Carlos negou que o clima no local era tenso e que os índios haviam feito reféns. “Estamos com um funcionário no local e a situação é tranquila, não há reféns”, afirmou. “Representantes da empresa estão indo ainda hoje para a usina negociar com os índios e entre hoje (ontem) e amanhã (hoje) deverá resolver a questão da ocupação”, acrescentou.

 Porém, há informações de que caso os pedidos das etnias não forem atendidos, os manifestantes prometeram destruir as dependências da usina. Os índios se dizem afetados e reivindicam direitos de compensação ambiental pelos impactos da obra. A usina de Dardanelos tem capacidade para gerar energia suficiente para atender 600 mil habitantes por dia. O empreendimento já foi alvo de outras invasões. Em julho de 2010, a usina foi ocupada pelos índios de 11 etnias que habitam a região e fizeram cerca de 100 reféns.À época, eles cobravam o detalhamento das ações integrantes do componente indígena do Plano Básico Ambiental (PBA), instrumento de compensação dos impactos socioambientais. 

O plano engloba setores como educação, saúde e desenvolvimento sustentável e medidas como a criação de estradas para as aldeias, a formação de professores indígenas, criação de programas de fruticultura, extensão do programa Luz Para Todos, contratação de médicos para saúde indígena, atendimento médico às comunidades, fornecimento de equipamentos para vigilância da terra indígena como caminhonete e barco a motor. No final da tarde de ontem, Antônio Carlos informou que o Estado e a Energética Águas da Pedra assinariam hoje termo de cooperação que define quais as responsabilidades de cada parte em relação à construção da usina. Ele disse ainda que caberá à Funai fazer o acompanhamento das ações.

 A reportagem ligou várias vezes para o tenente-coronel Alessandro Mariano Rodrigues, superintendente de Assuntos Indígenas, mas ele estava com o celular desligado. A Superintendência é subordinada à Casa Civil, que até o fechamento desta edição não se manifestou sobre o assunto. A reportagem tentou falar por telefone com os responsáveis da Energética, em Cuiabá, mas não conseguiu. 

(Colaborou Carolina Holland) 

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